16 outubro 2006

RHx4 outra vez (?)

Quando fecho os olhos, ainda sou capaz de ver aqueles seres cambaleantes.

A suavidade da intensidade dos corpos vibrantes e os enlaçados sedutores em músicas que aspiravam a pureza (ou talvez não) naqueles beijos salgados dos corpos suados que ganhavam asas de elevação sempre que ao chão caíam.

(é uma opinião, um efeito)

Em três partes, Rui Horta deu-nos um óptimo espectáculo de dança contemporânea e eu não vou conseguir ser imparcial.
Entre "Garden", "With" e "Nest", os intérpretes de "Pure" prenderam-me à cadeira da plateia (naquela tarde recheada de miúdos quase saídos do jardim de infância que entoavam palavras de choque -fictício- pela falta de maturidade ou excessiva estupidez) no pedaço que foi chamado de "With".
A voz de Filipa Hora contorcia-me o espírito e arrepiava-me a espinha. Era como se algum modo me ligasse àquele momento.
O que estou a tentar dizer, é que também nesta vertente artística podemos sentir uma ligação através do nosso estado de espírito.

(ela mexe connosco e faz-nos vibrar de excitação... ou talvez só me aconteça a mim)

(a tentar não ir mais longe na crítica da selecção por parte das escolas de quem levar)

"Garden", foi bastante interessante. Gostei. E não me sinto apta a tentar escrever algo mais sobre esse momento dançante, talvez porque nessa altura ainda me estivesse a habituar àquilo que Rui Horta me daria.

De todos os componentes de "Pure", "Nest" foi, indubitavelmente, o mais original, suscitando algumas gargalhadas pela parte do público.
O chão quadriculado, digno de uma batalha naval versão papel mas sem as letras e os números, ganhou uma nova precepção nesta que foi a última parte do espectáculo.
"Nest" foi de cortar a respiração, pelo menos de 5 em 5 segundos.

Embora com três partes distintas, o tema era "Pure". (ironicamente?)
A não ser que como eu, consigam chamar pureza a tanta sensualidade.

Cordiais cumprimentos,

Dama Do Sinal C.

7 comentários:

OGC disse...

(ela mexe connosco e faz-nos vibrar de excitação... ou talvez só me aconteça a mim)

Não. Não acontece só a ti.

Engraçado falares na batalha naval. A mim lembrou-me xadrez! :P

Pablo Chicasso disse...

1. não acontece só a ti. aconteceu a todos, até mesmo aos que não o souberam exprimir em conformidade com as regras do decoro que vigoram numa sala de espectáculos. estas regras fazem falta e devem ser seguidas mas tmbém tem a sua piada ver as reações mais puras e incontroladas (imaturas?). mas só de vez em quando ok? não vamos fazer disso um habito.
2. é interessante que tenhas falado no humor. é um tema que temos de tratar um dia. já o volver me deixou com vontade de o fazer.

Anónimo disse...

NÃO, REPITO, NÃO ACONTECE SÓ A SI. A ARTE TEM ESSA CAPACIDADE, MESMO QD SABEMOS QUE SOMOS APENAS O NOSSO CORPO...AINDA BEM, VALEU A PENA ( E A ALMA NOSSA NÃO É PEQUENA!)

Anónimo disse...

A propósito do humor, alguém afirmou que o sorriso, era a distância mais curta entre duas pessoas...acredito verdadeiramente nesta ideia,bem como, gente que não sabe rir em conjunto também não saberá trabalhar em conjunto.
Existe uma relação estreita entre o humor e a inteligência emocional,entendida como a capacidade de superar obstáculos e de resolver problemas,de maneira flexível e fora do «quadrado».

~pi disse...

também vi!!! belo, belíssimo final, sobretudo! beijos

Anónimo disse...

Qualquer produto intelectual de valor que se pretende surta um efeito imediato, vasto e profundo tem de conter uma secreta harmonia, uma afinidade mesmo entre o destino pessoal do autor e o destino da generalidade dos seus contemporâneos. AS PESSOAS NÃO SABEM POR QUE RAZÃO ATRIBUEM FAMA A UMA OBRA DE ARTE. Longe de serem "connaisseurs", julgam descobrir nela uma centena de virtudes para justificar tal apreço; mas o verdadeiro motivo do seu aplauso é imponderável - é a simpatia.
in "MORTE EM VENEZA", CAP 2

Anónimo disse...

as palavras que se vomitam dos dedos da 'dama'. "a menina dança?" tenho a certeza que sim! juntamos um contrabaixo a isso. umas rosas e um chapéu.


(gostava de ter ido. não fui. some other time)*


dama do sinal s