28 outubro 2006

Também é Arte

Não faço parte do grupo onde está inserido este projecto de "Arte Por Toda A Parte", no entanto e com o consentimento dos "owners" sou penetra e por isso espero que eles não me levem a mal.

Talvez por sermos alunos de Artes Visuais nos esqueçamos de, pelo menos, uma coisa muito importante. A arte não está só na pintura, na estatuária, nas danças e contra-danças, na arquitectura, no cinema, na música...
A arte está também no papel carregado de palavras. Escrever também é arte, e na minha opinião, a maior das artes, a maior força de expressão que podemos ter (talvez porque através dela possamos compactar todos os outros tipos de arte). O cinema tem um argumento, as músicas têm letras (nem todas, no entanto têm um nome... escrito) e a arquitectura, a estatuária, a pintura, a dança, podem ser descritas em palavras e se não forem, têm um nome, e o nome é escrito!

Já para não citar Cesário Verde que dizia pintar quadros por letras e sinais.

Não me vou alongar muito mais mas peço àqueles que lerem este post para deixarem sugestões de livros e também para deixarem um testemunho sobre a sua relação com esta arte, a escrita.

Cordiais cumprimentos,

Dama Do Sinal C
(www.damasdosinal.blogspot.com)

14 comentários:

Anónimo disse...

Olá
Eu, que não sou estudante de Artes, estou mais ligado às Artes por curiosidade, acho que faço parte deste grupo, porque tenho dado a minha opinião pràcticamente desde o primeiro dia e, sobretudo, porque entendo que é a trocar ideias que vamos aprendendo.
E estou de acordo que a LITERATURA é também uma Arte.
E desde o primeiro comentário (a propósito do Volver) mencionei um livro - que existiu primeiro que o filme. Ambos lindos.
E é curioso que, sendo um romance, seja um excelente ensaio sobre a Arte, os Artistas, a vida dos Artistas, a Filosofia (a Arte é uma Ideia exterior ao Homem?) a Moral (será preciso ser-se puritano para se ser um bom Artista? Um ser moralmente depravado pode ser um bom artista ou, por ser imoral/amoral não pode ser Artista?), etc...
Vale bem a pena! A edição que tenho custou €4,20+ um jornal Público. É da colecção "Mil Folhas", e só tem 95, vá lá, 96 páginas...
E o filme é de 1971. Realizador:Luchino Visconti, Música: Gustav Mahler (que, na realidade também teve um triste e infeliz fim, embora muito longe da angústia do Gustavo do Tomas Mann - que eu citei num comentário com o nome dele.....)

Anónimo disse...

E há também, aquela coisa de que "isto anda tudo ligado" e "...os Clássicos, o classizante...": Então não é que lá no temopo da Grécia Antiga havia este grupo http://es.wikipedia.org/wiki/Imagen:Musae.png
que cultivava as artes:
- poesia (épica; amorosa e sacra/geométrica)
- história
- teatro (tragédia e comédia)
- música
- dança
- astronomia e astrologia (esta não entendo, mas é o que está lá...)

Anónimo disse...

E há também, aquela coisa de que "isto anda tudo ligado" e "...os Clássicos, o classizante...": Então não é que lá no temopo da Grécia Antiga havia este grupo http://es.wikipedia.org/wiki/Imagen:Musae.png
que cultivava as artes:
- poesia (épica; amorosa e sacra/geométrica)
- história
- teatro (tragédia e comédia)
- música
- dança
- astronomia e astrologia (esta não entendo, mas é o que está lá...)

Anónimo disse...

É impossível deixar de ter uma relação com as letras sejamos nós quem quer que somos. Mesmo os que nunca leram um livro têm aquelas frases de cinema memorizadas.
É estranho como a escrita pode dominar a nossa vida, acabando-a ou recomeçando-a, e fazer-nos prisioneiros.
Para responder ao teu pedido: "Quando Nietzsche chorou" de Irvin D. Yalon, livro bastante bom.

PS: A fotografia também é arte e ninguem fala dela.

http://letrasnegras.blog-city.com

Anónimo disse...

não chamem pai a outro, acho que quando escreves literatura em maiúsculas tem uma relação com o facto de eu ter usado o termo escrita.
Fi-lo porque não quero restringir o tema apenas a LITERATURA. Obrigado pelo comentário.

Cordiais cumprimentos,

Dama do Sinal C

Anónimo disse...

Concordo que a escrita seja uma arte. Não é qualquer pessoa que escreve textos e poemas como os Maias, os Lusíadas, ... Pode tentar, mas no final não será nada comparado com o que os autores escreveram. Neste momento estou a ler um policial/suspense: O Cirurgião, de Tess Gerritsen Ainda vou no início, mas é muito bom. Aconselho a toda a gente.

Anónimo disse...

Olá outra vez.
Peço desculpa se magoei com aquilo da LITERATURA. Não o fiz com intuito de corrigir. Só que entendi que era aquele o significado que querias dar a "escrita" e quiz realçar o apreço e admiração por quem tem capacidade para compor textos artísticos.
E, depois, acontece que a minha área é a escrita... (E esta hem?!) Só que é "escrita contabilística" (=aborrecidíssima!!!!). Mas rigorosa - tanto que cerceia a criatividade. (Aquilo que os políticos disseram de 'contabilidade criativa' a propósito do déficit do Estado e tal é mais uma atoarda das muitas com que os políticos se entretêm...
E por falar em rigor:
Fui consultar o meu dicionário da Língua Portuguesa e lá vem o seguinte
- Literatura (Lat. literratura), s.f. Arte de compor escritos artísticos; o exercício da eloquência e da poesia...
- Escrita,s.f. Aquilo que se escreve; arte, acto de escrever, caligrafia; escrituração de operações mercantis; contabilidade.
Para mim, o que escrevo e leio no dia-a-dia é "escrita" o que vou lendo nos tempos livres é "literatura" - Agora temos é de arranjar um código comum para nos entendermos (pode ser em linguagem Visual Basic, Cobol, ou C++, ou Português e uns pòzinhos de qualquer coisa, não sei bem o quê). Se calhar é por defeito profissional que me inclino mais para usar Literatura em ves de Escrita. O que imp+orta é que nos entendamos e nos aceitemos...
Agora estou a ler outro livro da colecção MIL FOLHAS, que é uma delícia de poder de imaginação e de escolha de palavras:"FICÇÕES" de José Luís Borges. Para mim é LITERATURA.....

Anónimo disse...

A literatura, esse modo mais verbal de estar no mundo... Subscrevo o sinal da dama, completamente.

Anónimo disse...

Sou pessoalmente muito desarrumado. No que se refere ao aspecto exterior.
Mas, interiormente, preciso de Ordem.
E, para isso, necessito de "carimbos" para classificar o que me rodeia, para poder estabelecer um código de compreensão do Mundo.
Para mim é óbvio que a escrita tem aquela capacidade de permanecer no tempo, muito mais que o eco das palavras ditas.
Mas a Litertura é muito mais que um encadeamento de palavras que qualquer um lê e lhe dá o significado que bem entende.

E Hoje estamos a ver aumentar a ileteracia, porque "já vem tudo feito", tudo é directo.
E, curiosamente, até já vem com "expressões sub-liminares" daquelas que uma leitura menos atenta faz com que sejamos manipulados.
Uma Obra Literária tem (estou tentado a escrever SEMPRE) uma leitura (de uma mensagem) - pelo menos - para lá do que está escrito.
Vejam-se, por exemplo:
- "O Admirável Mundo Novo" (estória de ficção científica que sob a descrição de uma sociedade futura - em 193... - descreve o que poderá ser uma sociedade humana perfeitamente (e assepticamente) estratificada, em que nem é preciso o Sentimento (qualquer um) e em que até a procriação está assegurada por aquilo que hoje chamamos "inseminação artificial";
Ou "Farenheit 451" - que é a temperatura a que arde o papel - sobre uma sociedade futura (quanto tempo?) em que não haverá livros, a TV será o meio de comunicação por excelência (e o meio de manipulação da informação)
ou "1984" cuja 'personagem' principal deu o nome a um famoso (e, quanto a mim, merdoso) programa de televisão - o Big Brother.

Mas, como classificar "A Revolução Electrónica"? Que "diz que "... a linguagem é um 'virus'" e que a palavra falada apareceu após a palavra escrita....

Felizmente, em quase todos os livros de que falei, há um grupo de resistentes - que teimam em permanecer HUMANOS, ou, melhor, humanos, com as características daqueles que não eram tão racionais, científicos, esterilizados (em quase todos os sentidos) - e, se calhar, a cantar - nem que seja num murmúrio interior - a canção popularizada pelo Adriano Correia de Oliveira nos tempos da dita dura:
NÃO HÁ MACHADO QUE CORTE
A RAIZ AO PENSAMENTO
PORQUE É LIVRE COMO O VENTO
PORQUE É LIVRE.

P.S.: Pelo lado cómico veja-se o filme "SLEEPER" de Woody Allen (acho que o título em português é "O HERÓI DO ANO 2000" - até aparece lá uma 'antevisão' do George Bush (versão minimalista.

Anónimo disse...

Também é Arte...

Aconselho a ida ao blog caderno-de-linhas. blogspot.com

Pablo Chicasso disse...

A fotografia... a fotografia... Um excelente exemplo de como a Arte está em grande parte do lado do olhar e não apenas do lado do acto. Ela não está no lado da técnica (por ser feita com uma máquina, a fotografia teve alguns problemas em ser aceite como arte ao princípio), ela está no lado da observação e capacidade para ver o Belo e captá-lo. a parte da técnica, até as photomatons fazem...

Pablo Chicasso disse...

no meu comentário anterior estava a escrever e a pensar principalmente na fotografia de instantâneos. mas há mais... a montagem, a fotografia com modelo, etc.

Anónimo disse...

pablito...concordo absolutamente.é mesmo esse o grande problema da arte. reside mais na "coisa mental", no olhar do receptor, que, por vezes, pode ser até o do próprio criador, noutro momento heteronímico. e pode não se identificar com o que criou, já não estar lá do mesmo modo. somos sempre outros, quando regressamos, ainda que ao mesmo lugar. a arte vive na matéria espessa do que está por vir. estranho? sim, e belo.

Anónimo disse...

é estranho como as palavras fluem dos dedos. ou como emperram nas articulações, por vezes.

é estranho como as palavras, assim tão mecânicas como as aprendemos aos 6 anos, se tornam 'mecanizadoras' de emoções e sentimentos (ou na falta de).

é estranho o valor que transportam. e, de tão objectivas, se tornam pessoais a cada um que as lê.

é estranho como a 'palavra' é identificada como som. pois eu aqui, escrevo-a. e essa 'palavra' tão sonora, ganha um som próprio, o som da escrita.










[estou a ler o "Livro do Desassossego" de Bernardo Soares. é assustador como leio o que sinto nas palavras desse ajudante de guarda-livros, meio-Pessoa. aconselho.
e os meus livros de guerra que tanto gosto: "Pátria" de Robert Harris, "Nome de Código: Leoparda" de Ken Follet, e "O Vencedor do Pós-Guerra" de Hans Hellmut Kirsten.]