
Poderá esta ser a verdadeira arte de vanguarda? A pintura aliada à tecnologia? Não o sei dizer, a arte para o ser tem de ser reconhecida, precisa do público, e por isso proponho-me simplesmente a abrir mais horizontes.
Vou escrever sobre uma artista que admiro imenso, e que encara o ecrã tal qual um artista enfrenta uma tela em branco.
Linda Bergkvist nasceu em 1977, na Suécia. Estudou Inglês para se tornar professora mas desistiu e decidiu tornar-se ilustradora.
Já lhe foram atribuídos inúmeros prémios, e venceu imensos concursos com as suas pinturas, é pena que seja tão pouco (re)conhecida fora do mundo online. Talvez já tenham visto algumas das suas imagens em t-shirts ou em livros…
O seu estilo é único, Linda explora o realismo e transporta-o para um mundo fantástico, imaginário, bastante negro e povoado de fadas e criaturas. E é uma contadora de histórias exímia: todas as suas imagens têm raízes profundas em contos imaginativos por si criados.
Pinta utilizando programas como Photoshop e Painter, assim como a sua Wacom, uma pen-tablet (pen-tablet é uma espécie de tabuleiro com caneta, tudo o que aí se desenhar aparece no computador).
Tal como a maior parte dos artistas nesta comunidade digital, adora trabalhar com o computador porque pode ousar ir mais longe, sem medo de estragar o desenho. Pode guardar, e se correr mal há sempre a hipótese de voltar atrás e experimentar novos efeitos e técnicas.
Até parece fácil!
E aqui fica o site, para os interessados e curiosos:
http://www.furiae.com/index.php
7 comentários:
De facto não conhecia... mas já dei uma olhadela no site e tem trabalhos fantásticos!
Quanto à tua questão, diria que sim, esta é, provavelmente, uma arte de vanguarda. Precisamente pelas novas possibilidades que oferece, e que tu bem referiste.
No entanto, não acho que isso faça da criação artística algo mais 'fácil'. Pelo contrário. Quando não tens limites técnicos, estás a trabalhar num patamar em que tudo é demasiado 'grande' para ti. Tudo pode ser feito, por muito ambicioso que seja. A partir daí, porquê exigir pouco? E quanto mais exiges, mais trabalho e mais frustração tens, porque por muito bom que o teu trabalho esteja, tu sabes, e sabes mesmo, que se não está como o idealizaste, poderia estar.
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blackeri e a enayla são as únicas artistas deste tipo de arte que eu efectivamente conheço e foi porque foste tu que mas apresentaste :) fico sempre espantado com a qualidade que estes artistas conseguem alcançar! são trabalhos mesmo muito bons!
(eu nem no paint! xD)
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ok reconheço o virtuosismo técnico mas ressalvo que virtuosismo é muito pouco (quase nada) por si só para se fazer arte. não digo que não possa haver artistas desta arte que nao tenham mais do que apenas virtuosismo mas sinceramente é o virtuosismo a única coisa que admiro neles. De resto não consigo sintir a emoção ou o sublime ou o que mais lhe queiram chamar neste tipo de arte. a culpa até pode ser minha mas a verdade e k n sinto. talvez seja a falta de uma certa materialidade...
Eu também não conhecia. É que geralmente a arte digital, pelo facto de ela ser tão facilmente reproduzida, tem a tendência de circular sem nome, e o artista devêm artesão. Isso também tem produzido uma perda da expressão pessoal, uma unificação ou estandardização dos motivos e das técnicas, um efeito visual muito poderoso mas sempre em fadas, anões, dragões, mais uma fada, mais um dragão... Eu acho que aí é onde a maior diferencia com a arte de vanguarda reside. Não estou defendendo a arte de vanguarda como proposta actual. Não vãmente ela foi considerada teoricamente finalizada após os últimos ressurgimentos nos 60. Eu acho que tem alguma outra coisa operando aqui, a arte de difusão massiva, na media, tem uma parte de retorno a obsessões mais antigas, à maravilha, ao relato épico, a nostalgia do mito
Não sei, são ideias soltas de alguém que sabe pouco de arte visual.
a arte é uma questão de gosto... O virtuosismo é sem dúvida uma forma de demonstrar o valor de um artista, mas não se pode limitar a isso. A partir daí, caminhamos sobre caminho incerto, em constante mutação porque nós, a nossa mente, muda. E mudam os gostos. Felizmente ou infelizmente, a questão "o que faz de uma obra uma peça de arte" , sempre foi muito dúbia e discutida ao longo dos tempos. Quer se queira quer não, penso que vai dar sempre a uma questão de gosto pessoal... ao que nos faz pensar...
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Também acho que se pode dizer que "a Arte é uma questão de gosto", mas só numa primeira impressão - quase como quando sinto uma forte impressão de agrado (por que não prazer) no vislumbre de uma mulher bonita.
Mas isso não quer dizer que se trata de Arte.
Quantas vezes as mulheres bonitas se revelam ocas, desprovidas de qualquer outro interesse? E quantas outras vezes as mulheres mais banais não são muito mais interessantes - sob todos os aspectos... -.
A Arte é sobretudo, na minha opinião, RELAÇÃO - resulta da tentativa de CONHECIMENTO, COMPREENSÃO (da mensagem e do sentimento)
Quanto à técnica acho que sempre foi de vanguarda - mesmo na época das grutas de Lascaux ou equiparadas. Se calhar era também por isso que um grande pintor (Dali?) alertou alunos seus deste modo: "Não se esforcem por ser modernos. Não conseguirão evitá-lo" - citei de memória; é provável que ele não tenha dito exactamente isto, mas a ideia está lá.
O virtuosismo servirá, quando muito, para distinguir, permitir ordenar qualitativamente os utilizadores da mesma técnica (material ou imaterial).
Em primeiro lugar essas não são de modo algum ideias de quem não sabe muito de artes visuais. Tomara alguns alunos de artes escreverem comentários assim... Depois quero concordar com a ressalva do problema das temáticas. Realmente não me agradam. Parecem-me demasiado despreocupadas e (perdoa-me Carolina) um pouco fúteis. (Nada de fazer confusões, falo dos temas e nada mais, a Carolina não é absolutamente nada fútil). Essas temáticas lembram-me as da pintura rococó, de Fragonard e co. - os leitores habituais já conhecem as minhas reacções a arte desse período, quem chegou há pouco fica a saber delas: mais uma vez tenho de criticar a sobrevalorização da forma, da plástica, do efeito visual, da dialéctica, sobre o conteúdo. É aquilo que num discurso se chamaria de muita parra e pouca uva. (Detesto discordar de ti mas não resisto).
Quanto às vanguardas, é verdade que podem estar teoricamente extintas mas o peso da história é inexorável e uma vez que algo acontece em arte nada voltará a ser o mesmo. A partir das vanguardas cujo objectivo era encontrar novas sensibilidades para expressar e novos meios dialécticos de as expressar nada que não explore uma destas coisas. Por isso as vanguardas podem ter morrido mas agora não há outra arte que não seja Vanguarda.
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