29 julho 2008

Estela

Quase um ano depois - a minha última mensagem é de 16/9/07 e dava conta dos resultados do prémio Augusto Gomes - estou de volta aos posts.

Estou de volta e para contar que entre 11 e 13 de Julho estive na visita de estudo de final de ano da disciplina de Projecto. como de costume o destino foi Évora, com passagem, entre outras, pela cidade de Mérida. Lá visitamos o Museu de Arte Romana, projecto do espanhol Rafael Moneo. Foi lá que encontrei a peça que mostro nestas fotografias e que me intrigou. Trata-se de uma estela funerária de um casal, datada do último terço do séc.II d.C.

O que me chamou a atenção foi a figura esculpida na lateral da peça (visível na 2ª imagem).
A figura assemelha-se extraordinariamente a um anjo. Naquele momento não me lembrava de alguma vez ter visto uma qualquer representação deste tipo na arte romana. Sabia que a arte paleocristã tinha tido na arte romana a sua fonte primordial mas mesmo assim surpreendi-me. Desconhecia que uma tal figuração já existisse.

Hoje penso que me lembro de ter visto algures uma representação de um lar alado, mas não tenho a certeza. Estarei a fazer confusão?... É que entretanto as representações de lares que encontrei (após uma extensa pesquisa de ca. 15min.) não tinham asas.

Algum de vocês se lembra de alguma coisa sobre este assunto? Sabem alguma coisa sobre seres alados na mitologia Romana? Como se relacionam essas representações com as dos anjos, como evoluíram? Será isto que vemos aqui um lar? Em termos de significado até faria algum sentido...

Bem, se não tiverem respostas, espero ao menos que sirva para vos pôr a pensar como me pôs a mim.

3 comentários:

Lupe disse...

Com a nudez, com aquilo que parece um troço de arco perdido e com as asas, isso quase decerto é um pequeno Cupido. Além do mais, teria sentido com o adjectivo superlativo "amantissimi", bem claro no meio da legenda embaixo da estela, no meio.
Até onde eu sei os lares tinham representações muito mais rudimentares, só rostos a maioria das vezes.
Como eu disse, Cupido faz sentido e muito (muito mais do que um anjo, até onde eu sei os anjos não foram representados nus até bem tarde, e ainda assim, nunca com as suas partes tão expostas, isso é pagão) mais não tem que descartar que tenha sido algum deus local.

Pablo Chicasso disse...

Sim, realmente não me tinha ocorrido interpretar aquele fragmento como um arco mas faz todo o sentido. e, estupidamente, habituado a ver cupido associado a tradição do dia de S. Valentim também não me lembrei dele como mito pagão.

Que não era um anjo eu estava certo, mas ocorreu-me que pudesse haver em alguma representação romana a "fórmula" que mais tarde seria adoptada para os anjos. um pouco como aconteceu com a basilica e com a igreja cristã p.e.
E quanto à nudez, basta lembrarmo-nos que o juizo final de michelangelo na sistina foi motivo de escândalo, já íamos no Maneirismo.

obrigado pela dica. agora já esta´identificada a figura. this was realy puzzling me.

Pablo Chicasso disse...

ah, a representação de um lar alado, se não estiver a fazer confusão na minha cabeça, creio que é uma pequena estátua de bronze, no pátio (impluvium talvez) de uma casa em pompeia.

mas se calhar é só uma confusão da minha memória...