02 setembro 2008

Maestro (comentado! =P)


Aproveitando o facto de hoje alguns dos meus amigos e autores deste blogue me terem perguntado o que é que fazia o maestro para além de abanar um pauzinho branco decidi tentar mostrar, tanto quanto possível e quanto sei (que não é muito até porque o piano é um instrumento solista), o que faz o maestro.




Neste primeiro vídeo temos o maestro Leonard Bernstein durante um ensaio da Sagração da Primavera de Igor Stravinsky (estreada com escândalo em Paris em 1913, é marco do Modernismo musical).

O que é importante notar aqui é que o principal trabalho do Maestro faz-se durante os ensaios.


Há quatro momentos para os quais chamo à atenção:

1. [00:20; 01:40] Provavelmente influenciado pela articulação staccato (destacada) que é feita pelos instrumentos antes da sua entrada, os fagotes começam por tocar o tema com a mesma articulação. Isto é, separando bem as notas umas das outras, mais como um conjunto de pontos do que como uma linha. O maestro chama a sua atenção para que agora o tema seja apresentado de outra forma. Menos rítmica, mais cantada. Neste ponto o maestro serve para orientar a interpretação. Um pouco como um encenador faria com um texto dramático, dando orientações aos actores.

2. [02:20; 04:00] Aqui a intervenção do maestro é de natureza diferente. um treinador de futebol não precisa de ensinar os seus jogadores a jogar à bola. Eles já sabem. O que um bom treinador precisa é de os motivar, dar-lhes espírito vencedor e manter a equipa coesa. Sobretudo precisa de qualidades de liderança (Mourinho é um excelente exemplo (k belo aparte! xD)). Com o maestro passa-se o mesmo.

3. [04:00; 07:30] Este ponto é da família do primeiro. Neste caso o maestro dá indicações quanto a uma passagem que ele pretende que seja contrastante (porque assim interpreta a partitura) entre uma secção bem rítmica e seca, onde todos os tempos se apoiam firmemente, por isso mais terrena, e uma outra, menos apoiada e mais piano (vulgarmente diz-se "baixinho", o seu contrário é forte), que ele deseja mais aérea. Comparando com arquitectura, a primeira seria uma série de pilares aterrando no solo e a segunda um edifício em balanço (sim senhor, estamos cheios de analogias!).

Para que melhor passe a sua mensagem o maestro ilustra-a com uma alusão ao universo de outro compositor (Scriabin) e com o filme Blue Velvet. No fim chama a atenção para um descuido rítmico das flautas.

4. [07:30; fim] De novo a mesma situação que em 2.







Filme 2. Gostaria de ter posto o que vimos anteriormente, em concerto, mas n encontrei pelo mesmo maestro. Assim sendo, aqui vai a quinta sinfonia de L. Beethoven pelo maestro Daniel Barenboim. Sobretudo escutem e arrepiem-se.
Já agora se puderem, talvez numa segunda passagem (é crente da tua parte, mas n ha nada k possamos fazer), observem como, em concerto, o maestro dá as entradas e sinaliza quando os músicos devem cortar o som (principalmente visível na última nota do tema), para garantir que a orquestra funciona como um instrumento só, com todos os músicos a entrarem ao mesmo tempo e a cortarem o som em simultâneo. Ocasionalmente, os seus gestos ou a sua expressão facial comunicam aos músicos o ambiente ou a emoção que quer naquela passagem. Tudo isso foi obviamente trabalhado préviamente nos ensaios.









Para o fim deixei o melhor. Neste vídeo, vemos o mesmo Barenboim ao piano; penso que na altura ainda não era maestro. O que é de notar aqui é o rigor extremo que ele demonstra. O quinteto não estava a entrar em simultâneo e vai ser a sua chamada de atenção a resolver o problema. A meu ver isto mostra as suas qualidades para maestro.

Se por curiosidade quiserem tentar descubrir a falha do violino, tento explicar. Nas suas tres primeiras notas o que ele estava a fazer era uma tercina (triplet, como diz Barenboim), ou seja, as tres notas ocupam uma metade de tempo, sendo esta igualmente dividida por cada uma delas. O que ele devia fazer era dividir essa metade em dois quartos e tocar uma nota no primeiro e as duas outras no outro. É isso que explica Barenboim com a voz e com o piano.

Àquela velocidade esta parece uma diferença irrelevante e o contrabaixista não se inibe de gozar ("great diference!...") mas o que é certo é que após esta correcção entraram todos correctamente. Pormenores como este fazem os bons músicos e claro maestros.




Encontrar esta falha neste vídeo é muito difícil, mas se forem ao site podem tentar ver o filme 4, onde a obra é apresentada em concerto e a diferença já é mais perceptível.
Já que lá estão, não percam o filme 3 porque é divertidíssimo.

Nota: Eu estava com medo que este post se tornasse grande e
enfadonho (n sei porquê...) e por isso pedi ao Orlando uma opinião.
O comentário que ele deixou para mim apaguei-o mas as letras
a vermelho são dele.

8 comentários:

Pablo Chicasso disse...

Notam-se muito os meus preconceitos para com contrabixistas e vaidade dos pianistas? espero k n...

desculpem lá o tamanhão mas já foi muito difícil conseguir isto... É o tipo de coisa que só falando ao vivo com a pessoa é que conseguiria explicar melhor.

Voltaire disse...

o carácter pedagógico do blog a fazer-se valer!! lol

muy bueno siñor chico, pra mim, o maestro, não era mais que o tal senhor que agitava o pauzinho branco e a quem toda a gente batia palminhas,vá não era bem, bem isso, mas com o teu post fikei a perceber melhor coisas que já suspeitava e a saber outras, obviamente.

btw, os vídeos tão excelentes (gostei particularmente do 1º :p)


p.s. tomei a liberdade de por o teu post na data de hoje, tava escondidito lá pra trás :)

OGC disse...

Ei!!

Agora percebi o "ajudaste mais do que pensas"! =P
Está muito bem, parece-me uma boa ideia... vá lá que não disparatei demasiado! lol.

Mas pronto, como já te tinha dito, acho que está claro e expressivo, conseguiste ter piada, o que faz sempre falta neste tipo de escrita.

A parte que acrescentaste depois de eu ter lido em rascunho segue a mesma lógica, logo também me parece bem.

Gostei. Podes escrever mais destes. :)

OGC disse...

A escolha do laranja também me parece muito bem feita! :D

Pablo Chicasso disse...

obrigado sérgio. depois explicas-me como foi isto pk eu n percebi.. antes os posts ficavam com a data da publicação e n do rascunho. tb ja vi k sabes agendar e eu tb n sabia k dava pa isso. dps tens de m explicar como e k fazes isso.

Só uma coisa... desde k aparece em primeiro, pelo menos no meu browser, na parte final ele n faz a translineação e n se consegue ler. isto tb se esta a passar nos vossos browsers? será k algum de voces me podia resolver isto pf?

obg

OGC disse...

No meu aparece tudo direitinho. :)

Pablo Chicasso disse...

É natural. à hora a que comentaste, o sergio ja me tinha resolvido o problema. eu mandei-lhe um sms mas inda n tinha agradecido aqui.

por isso: obrigado. (digam tds: brigado seeergio!!!)

Voltaire disse...

LOOL

de nd senhor! xempre az'ordes! ;p

[ainda assim:
-utilizadores do safari, inda vedes o problema numa palavra
-utilizadores do firefox, eh pá, tems pena mas se querem mesm ver o fim do post, abram o ie!!]