10 janeiro 2009


Joaquim Branco, economista e presidente da Comissão Instaladora da Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto (SRU) durante quatro anos, deu ontem, sexta-feira, uma pequena conferência no Clube Literário, no Porto, organizada pela IN/NER CITY e subordinada ao tema “Políticas de Ordenamento do Território desde 74”.

Embora a parte “desde 74” do tema tenha ficado um pouco à parte, Joaquim Branco começou a sua intervenção por identificar e caracterizar alguns dos principais factores de “esvaziamento” da Baixa portuense.
A desactualização das rendas dos moradores, a falta de preparação da zona para a nova mobilidade gerada pelo desenvolvimento económico e social da cidade e o efeito de centrifugação nas universidades foram alguns dos problemas apontados.
Como soluções, continua, considera o lazer e o turismo como aspectos incontornáveis da tão falada reabilitação do centro histórico, salientando de forma veemente e por diversas vezes este último, para além de uma forte aposta nas camadas jovens. “As coisas não andam mais depressa porque para isso é preciso haver dinheiro”, afirma.
Quando questionado sobre a eventual referência da SRU noutras cidades que já passaram pelo mesmo problema agora vivido pelo Porto, como Chicago, nada adianta sobre a questão. O mesmo acontece quando é confrontado com o facto de essas mesmas cidades, actualmente importantes no panorama internacional, não terem, nas mesmas circunstâncias, apostado no turismo, optando por outras vias que se vieram a mostrar eficazes.
Relativamente a medidas concretas, salientou, a título de exemplo, a importância do estacionamento na zona, tendo revelado a sua intenção (que ficámos sem perceber se irá efectivamente ser aplicada) de construir um parque subterrâneo, que se estendesse desde a Rua Flores até ao morro da Sé.
Outro aspecto que considera ser importante é a criação de grandes eventos na zona, referindo mesmo que “Barcelona só passou a ser Barcelona desde os jogos olímpicos”.
Já perto do fim da conversa foi-lhe ainda colocada mais uma questão: como integrar a população residente na nova população que se pretende para a Baixa?
A resposta de Joaquim Branco não poderia ter sido mais reveladora: “Com esse tipo de gente, não vale a pena.”

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«Duas meninas, a sua mãe e um vizinho idoso morreram, na madrugada de sexta-feira, num incêndio que destruiu um prédio na zona dos Clérigos, Porto. Apenas escapou um morador, que fugiu às chamas pelo telhado.»

«O estado de degradação do velho edifício acelerou a destruição. As paredes de tabique alimentaram o fogo, as escadas de madeira cederam e as frágeis estruturas ameaçavam ruir, dificultando as operações de socorro conduzidas por cerca de 20 bombeiros. No fim, o miolo do prédio estava reduzido a escombros e, de pé, restava apenas a fachada.»
"Há muito tempo que não me sinto segura a viver aqui. São prédios muito velhos, com muita madeira. Está tudo apodrecido.”
«Cerca de 36% dos edifícios do Centro Histórico do Porto estão em mau estado ou em ruína.»
In Jornal de Notícias, 10 Janeiro 2009


2 comentários:

Voltaire disse...

A parcialidade do sr Branco nas suas opiniões e a forma natural como expressa os seus preconceitos sociais é de tal forma grande que nos havemos de perguntar para sempre com foi possível alguém com esta linha de pensamento estar à frente de um plano de reabilitação que se deve fazer em prol das pessoas (1º as k inda lá estão e só depois para as k vêem) e não em prol de turistas como é defendido de uma forma praticamente doentia pelo sr Branco. Para ele uma eurodisney no centro histórico era o ideal! eventos atras d eventos, o pessoal nunca mais saia de lá, desculpem, não saia mas tb n ficava..

Além disto que já é deveras grave, deve-se referir que o conhecimento arquitectónico do sr Branco e da escala de empreendimento é tb ela insuficiente e chocante, teria ele consciência do que significa um parque de estacionamento subterrâneo das flores até ao morro da Sé quando o propôs?
Terá ele, na qualidade de economista, consciência sequer dos custos que tal monstruosidade acarretaria? isto para não falar do impacto fisico no terreno e da falta de necessidade que tal projecto tem, já que parques na cidade e nakela zona em particular se vão encontrando com relativa facilidade, assim de repente, Alfândega, Praça do Infante, D.João I, Trindade, Silo-Auto, Viela do Anjo (rua Mouzinho da Silveira), Cedofeita, encontrar-se-ão de momento, e isso sim, mal geridos.. knd forem precisos mais far-se-ão mais, e menos concentrados a não ser que já se saiba que vem ai uma multidão para a baixa, coisa que não acredito,

as coisas vão-se fazendo por fases e não é admissivel escolher-se um caminho fácil de ocupação (neste caso efemera) como é o turismo.

Julgo que é preciso lembrar ao sr. Branco que as cidades crescem adaptando-se às necessidades sociais das populações k nelas residem, tendo isto em conta é impossível fazer kalker tipo de intervenção sem ter as pessoas k ainda lá estão como centro fulcral da questão e não as hipoteticas futuras, k verdade seja dita nem sabemos kntas serão, ou os visitantes cuja memória da zona e do espaço pouco ou nada lhes dizem.

Quase que parece que o sr. Branco quer "limpar" a zona socialmente e enchê-la com classes sociais que mais lhe agradem, não sei...mas é triste alguém falar do seu publico alvo com tamanho desprezo.

Fico muito preocupado cm as revelações de ontem, neste momento encontro-me mais alerta, a ver vamos que consequências teve este sr. à frente da Comissão Instaladora da SRU, julgo que não m engano ao pensar que as surpresas ainda não acabaram...espero estar enganado.

Voltaire disse...

ui, axo k m alonguei!! xD