14 abril 2009

J. N. L. Durand

Hoje apetece-me fazer daqueles posts em que só ponho umas frases e espero que alguém comente:


«Quer consultemos a razão, quer examinemos os monumentos, é evidente que aprazer nunca pôde ser a finalidade da arquitectura, nem a decoração arquitectónica o seu objecto. A utilidade pública e particular, o bem estar e a conservação dos indivíduos e da sociedade, tal é a finalidade da arquitectura.»



«Assim, todo o talento da arquitectura reduz-se à resolução desses dois problemas: 1º com uma soma dada fazer o edifício com as maiores vantagens que sejam possíveis, como no caso dos edifícios particulares; 2º dadas as exigências [vantagens] de um edifício, fazê-lo com o mínimo de despesas que se possa, como no caso dos edifícios públicos.
Concluímos do que precede que, em arquitectura, a economia, longe de ser um obstáculo à beleza, é pelo contrário a sua mais fecunda fonte.»


Durand, Jean Nicolas Louis: Précis, des leçons d'architecture données à l'École Royale Polytecnique, Paris, 1802-5 (pp.18 e 21)

4 comentários:

Carolina Búzio disse...

"Concluímos do que precede que, em arquitectura, a economia, longe de ser um obstáculo à beleza, é pelo contrário a sua mais fecunda fonte.»

Parecendo que não, as restrições são muitas vezes o que aguça o nosso engenho... é tão verdade em qualquer área! Quantas vezes não nos sentimos "perdidos" quando não nos são dados limites? quando nos pedem um "trabalho livre"? é o facto de existirem limites que nos faz ver até onde podemos ir dentro deles (e, eventualmente, quebrá-los).
ps: lembro-me de um projecto de um designer, Stefan Sagmeister... em que lhe foi pedido que desenhásse cartões de visita que ficássem por cerca de 1 dolar cada um... ele decidiu então imprimir em notas de 1 dolar!

Voltaire disse...

face à escassez de financeamento, o ser humano sente a necessidade de se reinventar e tentar solucionar os problemas com os meios que lhe apresentam, mesmo sendo estes reduzidos, há uma promoção da criatividade inerente a este aspecto...

(já disse isto algures por aki, referindo-me à crise...sim, concordo :p)


(btw, essa do Stefan...ficou-lhe cara então, a folha custou 1 dólar...mas e a tinta? :D)

Carolina Búzio disse...

(Também me lembrei da questão da tinta, mas não seria assim tão cara... provavelmente uma impressorazita qualquer, normal, conseguiria fazer o trabalho) :P

Raquel disse...

Concordo plenamente com o que foi dito pelo Chico...
Em primeiro lugar a arquitectura não deve ter um caracter egoista. deve servir o individuo,isto é , deve ser pensada para ele. A arquitectura deve ser pensada para ser habitada, senão não passa de uma escultura! Temos imensos casos de casas que viraram sucessos arquitectónicos mas que, no fundo, apesar de serem " brilhantes do ponto de vista da originalidade" rapidamente foram abandonadas pelos seus proprietarios pois não se adequavam à sua utilizaçâo diaria. Há-que ser hulmide e um pouco psicologo quando se projecta seja o que for, pois ao contrario das outras artes, a arquitectura deve servir e agradar ao maximo de individuos possivel. Quanto à questão da economia, acho que arquitetura deve refletir os tempos modernos. Deve ser barata e facil de construir pois só assim pode servir os interesses da sociedade actual.