Mesquita-Catedral de Córdoba

Apenas por uma questão de necessidade de um critério vou organizar os posts pela ordem pela qual visitei os lugares a que se referem.




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A Mesquita-Catedral foi talvez o sítio mais interessante que visitei. Isto deve-se à singularidade da sua História, que põe em confronto as características do espaço nas arquitecturas Cristã e Islâmica. Na 1ª, o espaço é orientado por eixos e compreende a intuição de um percurso com princípio meio e fim. No espaço da Mesquita, não há eixos nem percursos e os espaços sucedem-se por justaposição (pátio, interior), como texturas isotrópicas. Como tal, estas duas arquitecturas são totalmente diferentes na forma como trabalham o tempo.
A isotropia sente-se pela repetição "infinita" dos elementos estruturais, onde a hierarquização do espaço é feita apenas por subtis alterações. A métrica é absolutamente constante e a sua densificação em apenas quatro módulos é suficiente para marcar a Maqxura (espécie de capela do Califa), sublinhada por um friso junto ao tecto. O Mirhab (o sítio para onde se deve rezar, está orientado para Meca) é um arco de ferradura que apenas se distingue pela iluminação de carácter excepcional e uma decoração mais exuberante. Por outras palavras, a excepção faz-se do mesmo material da regra1.

Também na forma de trabalhar a luz, as duas arquitecturas são muito diferentes. Na Mesquita, exceptuando intervenções que me pareceram posteriores, o único sítio iluminado zenitalmente é o Mirhab. De resto, a iluminação é escassa e muito filtrada: as únicas grandes aberturas, filtradas por decorações geométricas, estão viradas a NO e dão para o pátio, um quase interior.
Na Catedral, a iluminação é intensa e uniforme.


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1 A sensação com que fiquei na Mesquita ficou corroborada quando descobri a crítica de um astrónomo árabe à teoria geocêntrica de Ptolomeu. Ele criticava-a não para recolocar Deus no centro, mas afirmando que Deus é o centro em cada crente e há portanto inúmeros centros de círculos sem circunferências.