Regressei recentemente de uma viagem por três cidades da Andaluzia e decidi fazer uma pequena reportagem, que se apresentará em vários posts.
Este é o primeiro de uma série de quantos me apetecer fazer (o que se chama uma série deles) e pensei fazê-lo como uma espécie de visão de conjunto.
Uma coisa assim ao estilo site de viagens...
Cities Rating (imaginem, por favor, as estrelinhas preenchidas conforme a votação):
Córdoba: 4.2 (1 voto)
Sevilha: 3.7 (1 voto)
Granada: 2.8 (1 voto)
Top 5 Monuments:
Mesquita de Córdoba: 5 (1 voto)
Medina Al-Zahra (Córdoba): 4.8 (1 voto)
Alcázar Real de Sevilha: 4.1 (1 voto)
Catedral de Sevilha: 4 (1 voto)
Banhos Califais (Córdoba): 3.9 (1 voto)
Aconselha-se o acompanhamento dos textos com uma navegação por aqui - http://www.bing.com/maps/ - ou pelo Google Earth:
Córdoba
O seu período áureo foi sob o domínio árabe, durante o califado de Córdoba. Foi conquistada por D. Fernando III em 1236. O seu centro histórico é ainda marcado por essas épocas e, portanto, de ruas estreitas e sombrias. Há também um passado romano com marcas na estrutura urbana do centro, embora menos óbvias.
É das três cidades a menos cosmopolita. Há apenas uma loja do Burger King e, de resto, mais nenhum sinal de globalidade. A maioria dos restaurantes servem comida tradicional regional e os empregados tratam-nos com espontaneidade, conversam, fazem piadas e chegam a gozar connosco e vice-versa. Não há metro e no centro histórico, património da UNESCO, não circulam autocarros. Fora desse perímetro, a cidade guarda ainda uma forma bastante legível de onde se estendem, a uma distância maior alguns movimentos mais dispersos e de baixa densidade que não aparentavam, pelo menos nesta altura do ano, dinâmicas de crescimento muito intensas. Ainda assim, pareceu-me uma cidade activa, com enfase no turismo, mas, como disse pouco cosmopolita. Compará-la-ia, no caso português, a Évora, p.e.
Sevilha
É das três cidades a que menos guarda vestígios da época muçulmana. Conquistada em 1248, também por D. Fernando III, foi centro comercial e administrativo do comércio ultramarino espanhol até ao séc. XVII, recuperando protagonismo nos sec. XIX e XX, com acontecimentos como as exposições universais de 1929 e 1992.
O seu período mais marcante é, portanto outro, pelo que, mesmo na área "intramuros" as ruas e avenidas (tipologia inexistente na Córdoba antiga) são mais largas, por onde circulam carros, metro e autocarros. Talvez pelas mesmas razões, é a mais cosmopolita das três cidades, com o record de três Starbuck's Coffee na mesma avenida, num tramo de 450m. Interage com importantes nós auto-estradais transregionais e a sua forma é mais difícil de caracterizar. O mais intenso movimento de transeuntes, turistas e artistas de rua contribui para essa aparência de cosmopolitismo que poderia comparar com Lisboa (talvez até mais), para o que contribui também a Isla Mágica. No entanto, numa análise mais aprofundada, atendendo p.e. à arquitectura contemporânea e à colecção do museu de arte contemporânea leva-me a colocá-la entre o Porto e Coimbra numa escala de cosmopolitismo.
Granada
Foi a última capitulação muçulmana na Península Ibérica, caindo apenas em 1492, já na Idade Moderna. O núcleo antigo organizava-se volta da elevação onde se situa o Alhambra (à maneira de acrópole) e dividia-se em três unidades: Bairros Albaícin/Sacromonte, Bairro Calderería (o mais central e baixo) e Bairro Realejo. As condições da Capitulação permitiam aos rendidos manter os seus bens, leis, costumes e religião e governar parte da cidade. Tais condições não foram cumpridas por muito tempo sendo os mouros empurrados para uma mouraria, que seria o Albaícin (numa colina, algo periférico). A Calderería seria já na época árabe o centro, provido de mercado e Alhóndiga (casa pública de dicada à compra e venda de trigo). Foi aí que os reis católicos instalaram a Catedral e a Lonja do Mercadores (espécie de bolsa). No Sacromonte, adjacente ao Albaícin mas ainda mais agraste e de difícieis acessos estabeleceram-se, no final do séc. XIX e até aos anos 60 do séc. XX, as populações pobres do êxodo rural, principalmente ciganos, que aí construiram habitações trogloditas.
De entre este bairros históricos o que mais se modernizou foi o da Alcaicería, com ruas mais largas e avenidas, onde hoje se situam as actividades terciárias e a maior parte dos restaurantes e hotéis. Desconheço-o, mas imagino que a maior parte dessas alterações se tenha dado durante o séc. XIX e primeiras décadas do séc. XX, fruto da mitificação romântica de Granada.
Se em Sevilha convivem cadeias multinacionais e restaurantes "cenarizados" de típicos para turistas, ao passo que em Córdoba predomina a cozinha tradicional, em Granada a maior parte dos restaurantes são italianos (ou sem nacionalidade específica) e os empregados tratam-nos com formalidade e profissionalismo ou apenas desinteresse (dependendo do tipo de restaurante, claro).
3 comentários:
contribuição:
http://www.1designperday.com/2009/08/25/gaudi-stool-by-bram-geenen/
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ja conhecia o site mas nunca lá fui. sinceramente não me apetece nada escrever isto em ingles. parece que o global vai ter de se safar com os outros globais...
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