02 abril 2010

Jean Philippe Vassal

Continuando a senda de tornar (um pouco mais) pública a minha "casa teórica":

4 comentários:

Marys' disse...

Chico + Lacaton e Vassal= <3
:D

Pablo Chicasso disse...

:D

OGC disse...

Acho que vou comentar aqui os dois posts, este e o do projecto, desenho e design, porque logicamente se encontram e isso parece-me muito claro.

A questão que dizias de utilizar o desenho, mas não apenas o desenho, no acto de projectar, está toda aqui, e parece-me bastante lógica.
Aliás, cada vez mais me apercebo da standardização de pensamento que é feita na forma como nos é ensinada a arquitectura.
Eu apoderei-me do "sagrado instinto de não ter teorias" do Pessoa, e não tenho um discurso teórico muito edificado em relação a coisa alguma. Mas de todo o modo, e ainda não fazendo juizos de valor, agrada-me que as coisas sejam mais do que aquilo que nos é dado na faculdade; agrada-me, portanto, este discurso, e o teu discurso, embora eu não consiga dizer se o subscrevo na totalidade.
Ainda não encontrei, talvez em parte por opção, a minha casa teórica.
Gosto da ideia da reinvenção, da alteração dos paradigmas, da questão do habitante, de partir do particular para o geral.

Em relação ao desenho, também concordo com a sua não-primazia sobre o projecto. No entanto a distinção que fazes entre desenho e design deixa-me algo confuso, não percebi ao certo o que para ti os distingue. Assim de repente, associaria até a palavra "design" mais à Zaha Hadid do que a qualquer outro, precisamente pela objectualização da arquitectura, que tu atribuis ao desenho. Se puderes esclarece-me.

Para terminar, "ne plus penser en maquette" devia ser escrito em todas as paredes da FAUP! :D

Pablo Chicasso disse...

Em primeiro lugar fico muito satisfeito por compreenderes a ligação entre este post e o outro.
Ainda bem que serviu para eu explicar de que é que acho o projecto se faz para além do desenho e da maquette (até porque eu não saberia bem verbalizá-lo) e que passsa por essa saída de uma espécie de abstracção autorreferencial do projecto (de regras próprias, convencionais) para tomar em consideração também o contingente, o indeterminado, portanto o real.
Há duas expressões que surgem na 2G dos Lacaton e Vassal de que gosto muito: "the beauty of what is obvious", "the beauty of the self-evident". Parece-me ser uma forma de beleza que é urgente aprender a reconhecer.

Quanto a agradar-te o meu discurso, tenho de pôr algumas reservas, eu sei lá se tenho isso! Tem calma, não me ponhas tanta responsabilidade, para já. (mas entendi o que querias dizer, não precisas de te explicar).
Esta casa teórica ainda está em construção, como aliás a tua, não penses que a não tens. Será talvez pequena e mesmo assim suponho que a conheças mal mas está lá. O trabalho de Teoria 2 é que tem (na minha opinião, i.e. da forma como eu o estou a construir) o papel de nos fazer tomar consciência e construir (na verdade, uma única acção) a nossa casa teórica. Daí que eu sinta vontade de manifestar essa casa que acaba, de certo modo, por ser uma questão de identidade, arquitectural, bem entendido (sobre as outras casas, temos outras ocasiões de falar).

Quanto à palavra design, também tenho alguma dificuldade em precisar o seu significado, mas eu associo-a à determinação da concretização do objecto. No caso da Zaha-Hadid, não me parece que ela se importe muito com a materialização do objecto arquitectónico. Tenho a ideia de que a maior parte dos seus edifícios concretizados são, relativamente à expectativa do projecto, um flop, e não me parece que ela se importe muito com isso. O projecto vive em si mesmo, nos renders e nas imagens e na montagem de um discurso. O Siza desenha obsessivamente cada ecaixe das umbreiras das portas, das pedras do pavimento, dos revestimentos, dos braços das cadeiras, etc. Está muito mais preocupado com a execução do objecto. Para a maior parte dos professores da nossa faculdade a arquitectura practicamente so existe construída, o projecto tem sempre o objectivo da execução e é essa a finalidade do arquitecto.

Para mim, por exemplo isto que fizemos agora, para além do que já referi, também é projecto.