15 agosto 2010

Duas "experiências hospitalares" (1)

Da Concentração:

Esta experiência aconteceu quando fui acompanhar o meu avô a uma cirurgia de oftalmologia ao H. Pedro Hispano. Compreensivelmente, mandaram-nos estar lá com uma certa antecipação.

Ficámos numa pequena sala de espera, que não teria mais que uns 25 m2, com um guichet, várias filas de cadeiras viradas umas para as outras e, numa ponta, uma mesa e umas cadeiras velhas ignoradas por toda gente.
Das janelas podia ver-se o mar de Matosinhos. Podia, quem estivesse de pé - o parapeito das janelas era demasiado alto para que quem estivesse sentado pudesse olhar para fora. Talvez como resultado, todas as cortinas estavam corridas.
Estariam na sala talvez umas 20 pessoas, na sua maioria idosas e, logicamente, doentes ou pelo menos um pouco apreensivas por estarem à espera de uma operação. Por certo, o ambiente não era completamente relaxado ou animado.

A propósito disto, apercebi-me de que aquilo normalmente nos causa desconforto numa sala de espera é a concentração (certamente já todos o experimentámos, mas eu ainda não o tinha consciencializado). Naquela sala - pequena e confinada - concentravam-se factores desconfortáveis. A partir daí, a concentração tem o efeito de potenciar aquilo que se concentra. No caso dos hospitais, tendem a ser pessoas cansadas, nervosas, inseguras, ou simplesmente mal-dispostas - como nos costumamos sentir quando estamos doentes. Naquelas condições, nenhuma delas teria com o que se sentir melhor e tenderia a contribuir para o mesmo efeito nos outros.

É claro que, quando no guichet fiquei a saber da greve dos enfermeiros, apesar da minha discrição, a notícia se espalhou como fogo em palha seca.

1 comentário:

Pablo Chicasso disse...

Nota: Nenhuma pessoa ou animal foi maltratado para fazer este post. encontra-se tudo bem com o meu avô e a cirurgia tratava-se apenas de uma operação às cataratas. "Commonplace" hoje me dia.