31 maio 2011

E, desta vez, na sequência da minha tentativa de definição da minha ideia de arquitectura:

A forma como a arquitectura trabalha o Tempo e o Espaço é uma marca de modernidade da mentalidade da época da segunda dinastia. Em contraste com a Idade Média, que se caracteriza por uma concepção espácio-temporal estática, onde o tempo é o da eternidade, sendo as coisas apenas a sua encarnação passageira, e o espaço se limita ao mundo (re)conhecido, na época manuelina a noção do fluir da História coloca em evidência as noções de efemeridade/durabilidade e os Descobrimentos, que deram mundos ao mundo, forçam à noção de si e do outro. Esta mudança de mentalidade terá, no caso Português, implicações tanto na arquitectura promovida pelos reis (principalmente D. Manuel I), como na arquitectura da casa.

(...)

Na arquitectura doméstica, a noção de si e do outro alimentou o desenvolvimento de dispositivos que trabalham a relação interior/exterior. Espaços como o alpendre, o jardim, a janela, a varanda ou as suas variantes de canto, recorrentes naquela arquitectura, trabalham com a possibilidade de estar, com a distância entre a casa e a cidade, entre a morada e a rua. São a invenção do espaço para estar, simplesmente a estar, precisamente nessa construção de si e do outro.




(texto completo a ser publicado mais tarde [talvez])

1 comentário:

j. disse...

E a noção einsteiniana de tempo, muda algo? Afinal, o tempo passa a ser uma noção física, mais uma dimensão.