Depois deste grande parêntesis quero começar por dizer que Wassily Kandinsky e Maria Helena Vieira da Silva são, se tal existe, os meus pintores preferidos. E porque é que no início eu nem gostava deles? Muito simplesmente porque me perguntava: o que é isto?, o que representa isto?, o que quer isto dizer?. Mesmo quando a artista Portuguesa pinta "A gare de Saint-Lazare", não significa que esteja a representar o seu aspecto físico. A arte abstracta representa antes as tensões internas entre os elementos de uma composição, o conteúdo, a Ideia. Por isso não devemos racionalizar e tentar encontrar explicações mas sim dar-nos tempo de obsevar calmamente e deixar que as tensões internas e relativas entre os elementos da composição façam efeito em nós. A única coisa que devemos fazer perante uma obra de arte é fruí-la. Neste caso, simplesmente olhar.
Kandinsky: composição VIII
Vieira da Silva: Grandes construcções
Possível aprofundamento em dois livros de Kandinsky: Do Espiritual na Arte e Ponto, linha e plano
9 comentários:
A linguagem das emoções e dos sentimentos é universal e intemporal, bem como inevitável para quem der autorização a si próprio...e é aqui que radica, provavelmente, o maior medo da Humanidade...
Se achas que ninguém de fora nos lê, somos nós que estamos a falhar.
Afinal o nosso projecto não pretende sobretudo a divulgação? Divulguemos!
arte e intervenção
perguntaram-me hoje em tom sarcástico se a arte intervinha na realidade.
Lembrei-me de um acontecimento na vida de Picasso:
numa das muitas visitas ao seu atelier um dos censores de Franco perguntou-lhe:
-Foi o senhor que fez aquilo - apontando para a Guernica - ao que Picasso respondeu:
-Não,foram os senhores.
Era só para dizer que vocês ainda têm leitores. Eu, por exemplo, venho aqui todas as semanas e não sou o único. Se não, porque é que vocês já têm mais de 3000 visitas? Continuem com o bom trabalho e bom 2007
Desculpem se me enganei mas pareceu-me que o contador de visitas estava a andar mais devagar. afinal é natural que algumas das pessoas que cá vieram no início com curiosidade pelo novo blog se tenham depois afastado. Mas é bom saber que também temos leitores assíduos. Obrigado pela vossa atenção e Feliz 2007 para todos.
quanto à fuga à mimesis e aos caminhos para a compreensão do abstraccionismo, estou absolutamente de acordo. acrescento apenas que é vantajoso ler a pintura não figurativa com o arquivo longo da memória da arte e da sua história. assim, ela ainda fica mais rica e gera novos sentimentos. será isto também o sublime?
A propósito do...SURREALISMO
Movimento estético, plástico e literário fundado em 1924 por André Breton (Manifesto do Surrealismo, Paris, 1924), cujas principais características se podem definir pelo primado da imaginação e da expressão ditada pelo inconsciente (na senda das teorias psicanalíticas de Freud) e por um anti-racionalismo. Do ponto de vista histórico, o surrealismo sucede ao dadaísmo, procurando atribuir a este último uma nova ordem metodológica e programática, com vista à construção de um novo humanismo. A sua influência, porém, estende-se muito para além da existência oficiosa do movimento parisiense, assumindo rapidamente os contornos de uma poética internacional cuja duração e importância se prolongam por todo o século XX, em numerosas variantes e ramificações. O movimento procuraria, ainda, formalizar uma série de técnicas e métodos de construção plástica e literária, entre as quais se destacam o automatismo (ditado do inconsciente, não mediado pelo controlo racional) e a livre associação (de formas, objectos e ideias, sem ligação aparente e sem ordem pré-estabelecida).
Entre os pintores do movimento, destacam-se Masson, Ernst, Tanguy, Miró, Picabia, explorando formas fantásticas ou metamórficas numa direcção tendencialmente abstracta, e, seguindo uma técnica realista (embora para representar conteúdos surreais livremente associados), Magritte e Dali. No âmbito da criação poética e literária surrealista, podemos incluir, para além do próprio Breton, Paul Éluard, Louis Aragon e Tzara. A estética surrealista prolonga-se aos domínios da fotografia (com Man Ray) e do cinema (com Luis Bu¤uel).
A propósito de surrealismo, Dali e Buñuel, um exemplo: "Un chien Andalou" - Se encontrarem o filme na net "apanhem-no" é domínio público.
Eu já o vi várias vezes porque o tenho no meu computador.
Para saber mais e, possìvelmente fazer o "download" vão a http://en.wikipedia.org/wiki/Un_chien_andalou
Há outros sítios...
Ainda não tinha visto nenhuma obra de Vieira da Silva (por incrível que pareça.. ou talvez porque neste país não seja dada a devida atenção aos artistas..)e adorei a imagem que puseste no post.. fantástica, vou investigar mais sobre este pintor!
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