a) Do Funcionamento Mecânico:
A segunda experiência ocorreu quando acompanhei o meu avô a uma consulta de seguimento pós-operatório. Desta vez fomos para a sala de espera das consultas externas.
Este era uma espaço muito maior, mas igualmente sem grandes horizontes, uma vez que todas as janelas davam para um saguão. A minha primeira impressão foi de que aquilo se assemelhava a uma sala de embarque de um aeroporto: múltiplas filas de cadeiras dispostas paralelamente e muitos monitores pendurados do tecto. Também o funcionamento era semelhante: à chegada fazia-se o check-in numa máquina onde davamos conta da nossa presença; depois esperava-se que o nome aparecesse nos monitores para entrar. Até aqui, nenhum contacto com ninguém.
Pelo seu funcionamento, esta sala estava para o hospital como um armazém para uma empresa de trasportes: permite amortecer o hiato entre a entrada de uma mercadoria e o seu tratamento. O doente chega, espera pelo seu nome (num verdadeiro armazém moderno um robot localizaria a mercadoria pelo seu código), entra, sai. Eficaz, aparentemente.
Mas há nisto uma desconsideração importante. As pessoas não são mercadorias e, mais do que uma afirmação banal, isto significa que há individualidade e imprevisibilidade. Pode ser uma simples distração, um adormecimento, uma conversa ao telemóvel ou um jornal que impertinentemente conseguiu encontrar. Basta uma areiazinha destas e a engrenagem tem logo um solavanco. Para mais, não me refiro apenas aos doentes, há pessoas dos dois lados e portanto também aos médicos as coisas podem nem sempre correr com previsto – o que nos leva ao segundo ponto.
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