26 maio 2011

PJ Harvey @ Aula Magna
25.Maio.2011

Eu não estava com as expectativas particularmente altas. O som do último álbum não é tão a minha onda, já tinha visto imagens de concertos recentes e nada me parecia especialmente interessante.
Pois claro. Até ela entrar em palco e cantar o primeiro verso da "Let England Shake". Aí eu percebi que afinal aquilo ia ser mesmo um bom concerto.

Ela tem uma voz poderosíssima, e ao vivo isso nota-se imenso. Pode ter perdido a força bruta de outros anos e outros álbuns (era durante o Uh Huh Her de 2004 que eu gostava mesmo! de a ter visto), mas a agressividade continua lá toda. Direitinha à espinha com uma precisão cirúrgica que lhe permite não ter de berrar para se impor.

O Let England Shake, deste ano, foi tocado na íntegra e as música anteriores escolhidas para figurar no conjunto foram escolhidas criteriosamente, não por serem as mais conhecidas, não por serem as preferidas do público, e muito menos por servirem de contraponto ao último álbum. Pelo contrário. Todas as músicas apresentadas correspondem a uma ideia muito clara de conjunto que é onde a PJ quer estar agora. Como o álbum, o concerto foi pesado e agressivo (apesar de ter lido que o peso do álbum se desvanecia ao vivo... honestamente não percebo) e não faria qualquer sentido interromper o alinhamento para dizer qualquer coisa como "olá, estão bons?" ou "adoro Portugal". Teria sido um disparate. Como tal, não aconteceu e eu achei lindamente. Ela veio cá apresentar aquilo, aquele produto de uma carreira e que é muito mais do que uma sucessão de temas. Não veio tentar arranjar mais um punhado de fãs.

De modos que gostei muito do concerto (e estou neste momento a re-ouvir mais atentamente o Let England Shake), que apesar de não ser o dos meus sonhos, me parece ter sido realmente bom, com características como eu nunca tinha assistido: pela primeira vez vi um concerto em que o importante era realmente a música, apenas e só.

Deixo a crítica do Público (a única decente que li), muito embora eu discorde da atribuição de 3,5 estrelas em 5. Eu andaria entre as 4 e as 4,5. Mas isso também sou eu.


4 comentários:

OGC disse...

Uma crítica do The Guardian a um concerto em Londres, que eu penso que se aplica em tudo (à excepção da referência a Meet Ze Monsta, que ela cá, feita parva, não tocou) ao concerto na Aula Magna.

http://www.guardian.co.uk/music/2011/feb/28/pj-harvey-review

OGC disse...

[eu tinha dito que não, mas afinal se calhar vou querer este álbum!]

j. disse...

«Pode ter perdido a força bruta de outros anos e outros álbuns, mas a agressividade continua lá toda. Direitinha à espinha com uma precisão cirúrgica que lhe permite não ter de berrar para se impor.»

É como o vinho!
"C'est la vie."

OGC disse...

Ah, tinha-me esquecido completamente de fazer o devido agradecimento à nossa agente infiltrada em Terras-Lá-De-Baixo por me ter fornecido tecto e um belo telhado! ;)