13 outubro 2006

RHx4



Rui Horta x4 é foi o nome escolhido para um conjunto de espectáculos de dança contemporânea com que Rui Horta - que comemora este ano 30 anos de carreira - nos presenteia neste momento no Porto.



Após "Bones & Oceans" - obra que Rui Horta produziu na Alemanha, onde viveu durante os anos 90 - que é definido como um "dueto solitário para um homem e um cão de metal" e que esteve em exibição no Teatro Carlos Alberto, até ao passado dia 8, foi a vez de "Pure". Esta obra é constituída por três trabalhos independentes ligados por um fio condutor comum. Sendo que "Garden", o primeiro e "Nest", o terceiro, são trabalhos realizados anteriormente, o segundo, "With", é o resultado da combinação entre as ideias do coreógrafo e dos intérpretes da Companhia Instável.

O resultado é (permitam-me, apesar de ter sido o primeiro que, até agora, vi) brilhante. A forma como retrata a pureza, as relações, o desejo e a sua (não) concretização, a liberdade... é simplesmente sublime.

"Pure (Garden + With + Nest)" é de uma originalidade e invulgaridade surpreendentes. Recomendo-a, mesmo àqueles que não têm uma ideia formada sobre dança contemporânea - eu também não tinha. Aos restantes também, pois penso que se existe um estereótipo deste tipo de espectáculo, Rui Horta não estará incluído. Atenção que hoje, 13, às 21.30h é a última oportunidade de assistir, no Rivoli.



As restantes obras desta compilação são "Pixel" (de 14 a 16 de Outubro) e "Setup" (de 19 a 22 de Outubro), ambas no Teatro Carlos Alberto. Estas representando respectivamente a "digitalização" do corpo e um universo muito particular, originando uma percepção mais íntima do espectáculo e uma vertente um tanto inexplorada que é a de obrigar o público a "abandonar o seu confortável papel de mero contemplador".

3 comentários:

Pablo Chicasso disse...

Garden With Nest (Jardim com ninho) onde nasce a ideia, a vida o amor, os prjectos - a pureza. Pureza que se desvanece e se perde no emaranhado do tempo e à medida que o entusiasmo se apaga. No fim fica o corpo vazio e preso no seu quadrado.

A dança contenporânea não são ataques epiláticos nem sequer é abstracta. Bem narrativa até. Mais fácil de entender do que as palavras. Como toda a boa arte fala-nos ao coração. e ele entende tudo mais rapidamente do que os neurónios.
Quem nunca viu não pode perder esta oportunidade.

Anónimo disse...

Viva o Hemisfério Direito!!!
A Arte fala-nos ao hemisfério direito,não precisa de ser lógica, permite-nos sair fora do quadrado mental.

A Arte é sobretudo a possibilidade de mudar paradigmas,para a partir daí mudar sentimentos - pois se mudarmos os nossos pensamentos,mudaremos também os nossos sentimentos!

Dália Dias disse...

interpretar é sempre interpretarmo-nos. como neste caso, a arte fala sempre de nós. se for consequente, estamos lá todos, com o corpo de Vénus ou de Apolo, na miséria dos náufragos ou no terror dos monstros. afinal, a nossa dimensão, a que entendemos, é a do homem. Deus, se existe, saberá estar nos pormenores.