30 abril 2007

Retratos do mundo flutuante







ukiyo-e ou "retratos do mundo flutuante" foi uma pintura desenvolvida no Japão, entre 1603 1867(período Edo). Era impressa com a ajuda de blocos de madeira, o que contribuiu para a sua difusão e popularidade. Era feita por pessoas(artistas) comuns para pesssoas comuns, normalmente comerciantes burgueses que não tinham dinheiro para comprar os desenhos originais. Convém também referir que o método de impressão destruía os desenhos originais.




O ukiyo-e tinha como tema cenas retiradas de peças de teatro e paisagens, entre outros, fazendo "inocentemente" parte desta categoria as mulheres, vá-se lá saber porquê... chegava mesmo a haver cenas sexuais explícitas(shunga, se clicarem na hiperligação que está no nome que vem a seguir têm um exemplo disso), sendo muitas vezes os artistas e editores punidos por causa disso. As estampas eram usadas muitas vezes como ilustrações de livros, pósteres de teatros, ou vendidas. Curioso será o facto de quando o Japão se começou a ocidentalizar, o ukiyo-e saiu de moda, mas trasnformou-se numa fonte de inspiração na Europa, tanto para pintores cubistas como para impressionistas, que foram influenciados pelo japonismo e esta arte das estampas. Katsushika Hokusai (1760-1849) foi um pintor, gravador e ilustrador de livros japonês, considerado o mestre da escola ukiyo-e. Interessado em todos os aspectos da vida, produziu dezenas de milhares de obras, entre desenhos, gravuras e pinturas. Exerceu grande influência na arte ocidental, sobretudo por meio de Van Gogh, Edgar Degas, Toulouse-Lautrec, Claude Monet e Paul Gauguin.







Hoje em dia o ukiyo-e ainda é produzido, e é influente noutras áreas, como, por exemplo, nos mangas(banda desenhada japonesa), onde a semelhança dos desenhos é visivel, apesar da sua natural evolução.

Técnica de criação
Gravação no bloco de madeira.
As cópias de UKIYO-E eram feitas através dos seguintes passos:
1. O artista produzia um desenho matriz usando tinta


2. Os artesãos colam esse desenho com a frente para baixo num bloco de madeira. Em seguida talham o bloco nas áreas onde o papel estava em branco, deixando o desenho invertido como uma cópia em relevo no bloco, mas destruindo o desenho original.


3. Este bloco é colorido e impresso, fazendo cópias próximas à exactidão do desenho original.


4. Estas cópias por sua vez eram coladas, com a frente pra baixo em outros blocos e aquelas áreas da obra que deviam ser impressas numa cor específica eram deixadas em relevo. Cada um destes blocos imprime ao menos uma cor no projecto final.


5. A combinação resultante dos blocos de madeira era recoberta em cores diferentes e impressas sequencialmente no papel. A impressão final firma as impressões dos blocos anteriores, sendo que alguns podem ser impressos mais do que uma vez para obter uma maior profundidade da cor.

7 comentários:

Anónimo disse...

gostei do post, especialmente da parte em que explicas como é o processo, ajuda imenso a compreender e eu nao conhecia =)
*

OGC disse...

Bem-vindo!! :)

Anónimo disse...

Chegou para mostrar quanto vale o seu discreto silêncio. Muito,muito bem. Aprendemos todos com o seu trabalho. Obrigada.

Voltaire disse...

ah ganda jota! mas que belo post aqui tens!

Muuuuto bem! gostei!

Jota disse...

que é que posso dizer, (eu sei que sou bom) obrigado a todos. E já agora aproveito para dar os parabéns atrasados à "a do costume". *[[]]

Pablo Chicasso disse...

Gostei muito de ler o teu post. Estámos demasiado habituados a encarar tudo (arte e não só) com o planisfério centrado na Europa. Sabe bem para variar conhecer um pouco (ou mais) de outras paragens.

David Gonçalves disse...

Grande Jota, estou orgulhoso...
Quem diria que este dia havia de chegar...